
Com o passar do tempo, percebemos nuances pálidas de um espectro que nos surpreende. Espera-se que uma relação madura atinja o estável, e não que a própria instabilidade seja estável. Embora opostos por essência, tais conceitos são bastante contíguos na hermenêutica social. Como fibras farfalhantes de uma mesma malha, que encontram pontos em comum de suporte e pontos onde invariavelmente deverão se separar, para dar continuidade ao tecido em si.
Por mais que queiramos, não podemos obliterar eternamente os erros alheios, garantindo assim uma amizade estável. Pior que a dor sentida na hora da decisão, é a dor implícita que sentiremos ao subjugarmos o nosso caráter para manter, ainda que de forma translúcida, a relação. A verdade é algo tão raro, tão escasso em nossos tempos atuais, que quando a mesma se revela, não devemos temê-la, e sim aceitá-la. É muito doloroso dizer um não a um simples apelo, a uma mera segunda tentativa, entretanto, é bem mais difícil renegar seus critérios de perdoável pelo simples emblema de perdoar.
Haverá, obviamente, aqueles que se oporão às decisões de sua'lma, clamando com brados de contemporaneidade o entendimento mútuo e a leveza do tempo. Mas só aqueles que perderam a imagem heróica, por eles construídas, de seres humanos, só aqueles que renegaram valores sociais, e enfrentaram o mundo para manter, ao menos em parte, o que se esperava deles, é que podem sentir o que nessas horas se sente. Todo o resto, sem exceção, passa despercebido, sem vontade, sem chama. A morte de um sentimento pela verdade mostra a irracionalidade de nossos atos, e até onde podemos ir simplesmente confiando na intuição e em metafísicas, renegando experiências de vida em prol da doce, porém ilusória, idéia de que dessa vez será diferente.
1 comment:
*.*
Post a Comment